Desemprego – Fase de transição profissional. Como agir?

Desemprego – Fase de transição profissional. Como agir?

AUTORA:LUCI AZEVEDO PEREIRA- Psicóloga CRP-0389/05 e Mestre em Psicologia Social pela UGF-Diretora da PHC-Potencial Humano Consultoria

Vivemos hoje um momento de crise avassaladora. Corremos a cada dia, risco de violência, de desemprego, de doenças novas e conhecidas e o medo do que possa ocorrer com nossos entes queridos.

Embora estejamos convivendo com a evolução tecnológica, ainda não conseguimos vencer o estágio das guerras, hoje acrescida do terror.

O aquecimento do planeta, as catástrofes previsíveis em sua decorrência, a escassez de recursos naturais e o desafio de colocar em prática os ideais de desenvolvimento sustentável poderá vir a comprometer não somente o presente, mas a capacidade que as futuras gerações possuem em satisfazerem suas próprias necessidades.

Todo esse quadro pessimista poderia nos remeter à inércia devido a dificuldades tão abrangentes e de difícil solução.

As mudanças nas organizações de produção, como se observa no processo de “desespecialização” e polivalência da mão-de-obra tem possibilitado o aumento na taxa de desemprego, conforme indicadores revelados pela imprensa de diversos países.

Enquanto em algumas sociedades a robótica e automação liberam o homem para outras atividades e garantem a qualidade de vida, para outras em que a mão-de-obra é menos qualificada, o desemprego em massa é uma realidade.

Trabalhar supõe não somente servir-se do que está disponível no inventário de recursos, mas também do que se pode inventar. Para algumas pessoas o trabalho é fonte de riqueza, crescimento e realização pessoal; para outras, instrumento de discriminação, exploração e sofrimento.

Se pensarmos nos íntimos laços que unem trabalho e religião teremos que nos reportar à Bíblia, que associa trabalho a uma atividade-expiação, intrínseca a todo ser humano, e decorrente do pecado original, desde os tempos imemoriais e entendido como instrumento de purificação da espécie.

Os estudos de Weber(1985) sobre o protestantismo, nos esclarece  a respeito do acúmulo de bens  nos sistemas capitalistas: uma resposta ao chamamento divino.

O “sentimento de dever”, que parece se revestir de algo transcendente, carrega em sua essência uma forte conotação religiosa.

A marca da alienação e exploração remete-nos ao campo da economia política, especificamente ao pensamento de Marx (1982,1983), que desmascara “as racionalidades” ocultas nas organizações sociais de produção, de forma a garantir a dominação, a exploração, a miséria do trabalhador e consequente enriquecimento do dirigente.

Independente de qualquer posicionamento, parece inquestionável que o enriquecimento de poucos (classe dominante) implica no empobrecimento de muitos (classe oprimida/trabalhadora).

É inegável, entretanto, que o trabalho constitui fonte de crescimento, emancipação e prosperidade, tanto para as pessoas quanto para as sociedades ou religiões. A fartura de trabalho sugere crescimento econômico.

Dessa forma, surge um grande desafio a ser enfrentado: como compatibilizar trabalho, desemprego, desenvolvimento tecnológico de forma a assegurar o crescimento econômico? Como agir diante do processo de transição profissional?

Entender o trabalho como um ato de criação, de profundo engajamento do ser humano, de afirmação de sua existência parece ser um caminho a ser percorrido.

O que já existe, as normas antecedentes, sejam elas produzidas por quem  a prescreve,  pela profissão ou pelo coletivo de trabalho, são colocados à prova do real na atividade laboral. E os imprevistos, os obstáculos encontrados, constituem as muitas solicitações à invenção e à transgressão. É preciso então inventar novas maneiras de fazer para que consigamos superar os obstáculos encontrados e, assim, ir além da situação como ela está posta.

Pensar nas condições de vida e trabalho num dado contexto social nos fornecem suporte importante para o entendimento da crise econômica a que estamos submetidos. Entendemos, portanto, que as formas de superação estariam relacionadas às particularidades de cada sociedade ou cultura.

O que se propõe, em verdade, é uma análise psicossociológica da questão, avaliando a subjetividade do trabalhador e as condições objetivas a que está submetido.

É irreal pensar que o mundo possa ser transformado de cima para baixo. Ter conhecimento e acesso à informação, nos torna privilegiados por podermos dar a nossa contribuição. É a partir também de nossas atitudes e ações, da compatibilização de interesses, da negociação e, particularmente daqueles que detém o conhecimento, que tudo se tornará possível.

Os problemas da humanidade e das pessoas vão além dos aspectos meramente financeiros. É importante, porém, reconhecer que o dinheiro ocupa um lugar de relevância em nossas vidas. Precisamos, entretanto, aprender a lidar com os diversos aspectos relacionados a ele, incluindo formas de ganho, poupança, de investimento, de dívidas ou simplesmente da escassez, realidade da maioria das pessoas.

Quem não possui uma pessoa próxima sofrendo de desemprego, falência, jovens que não conseguem entrar no mercado de trabalho mesmo com todo preparo acadêmico?

Estar bem informado nos ajuda a superar as dificuldades para desenvolver uma postura adequada diante do mundo, além da possibilidade do homem se realizar como um ser singular e membro do coletivo.

Para passar por tudo isso é preciso identificar o potencial criativo, suas verdadeiras  potencialidades, buscar alternativas. Ao contrário do que se pensa a crise não é para todos. Muitas pessoas veem oportunidades onde outras percebem crise. Essas últimas se alienam e sucumbem a esse quadro.

Existe crise financeira para uma grande parcela de pessoas, mas não para todas. Quantos vivem diante da crise em situação oposta, com abundância financeira? Por que aceitar a referência da crise ao invés do sucesso?

Não podemos esquecer as restrições externas, mas, precisamos trabalhar as nossas próprias limitações buscando alternativas com criatividade, dominando nossas próprias limitações e investindo no nosso autoconhecimento para conseguiremos suplantar os obstáculos.

As restrições externas podem nos remeter à compreensão do trabalhador como passivo e ativo, ao mesmo tempo. Na medida em que se sente agredido pelo meio, procura devolver a agressão.

Ressentimento, agressões, sabotagem, alienação, desinteresse são alguns dos sentimentos que presenciamos quando o trabalho gera a sensação de um “vazio existencial”.

O momento do desemprego assume um lugar de relevância na vida de uma pessoa. O desemprego não representa apenas a perda da fonte de renda, mas de todo um estilo de vida. Sentimentos de insegurança, revolta e incerteza contribuirão para a baixa-estima.

Diante do desemprego, a família muitas vezes tem que mudar de moradia, as crianças tem que mudar de escola, ocorrendo muitas vezes crises conjugais.

Pensando por outro ângulo, o momento do desemprego ou (transição profissional) é uma fase de grandes oportunidades. É um tempo para reavaliação de valores, desenvolvimento de novas qualificações, enfim, tempo de provocar grandes transformações.

Para quem enfrenta a situação de Transição Profissional deve-se ter em mente a observação aos seguintes aspectos:

a) Perceber o trabalho como fonte de satisfação, felicidade e realização;

b) Investir no autoconhecimento pessoal/profissional para identificação de potencialidades(Orientação Profissional; Coach);

c) Buscar o crescimento, oportunidades e aprendizado;

e) Não se ver como vítima- Valorizar os seus próprios méritos e encarar o fato objetivamente;

f) Ir à luta através de ações planejadas e ponderadas, considerando os fatores que poderão influir nos resultados.

g) Buscar o conhecimento, qualificação profissional e disciplina;

h) Identificar um trabalho que gere oportunidade para cumprimento de uma vocação, de uma missão que vá ao encontro de suas potencialidades e valores pessoais.

i) Investir na formação de times, buscar autonomia e o empreendedorismo.

j) Transformar sonho em realidade;

l) Estar aberto às oportunidades e ao novo.

m) Assumir o papel de agente de mudanças;

n) Investir na criatividade, no marketing pessoal;

o) Desenvolver uma disciplina econômica por intermédio de uma aprendizado financeiro;

p) Buscar a excelência sempre;

q) Ser firme nos princípios éticos.

r) Estar voltado para o mercado;

Referências Bibliográficas:

  • Marx, K. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
  • Weber, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 4ªe.d. São Paulo: Pioneira, 1985.
Diretora do Blog

Luci Pereira

CRP 05/4475. Mestre em Psicologia Social; Pós-Graduada em Recursos Humanos; Psicóloga; Dinamicista; Psicodramatista e Coach. Consultora de organizações públicas e privadas de médio e grande porte, nacionais e multinacionais com atuação no planejamento e execução de programas de treinamento e desenvolvimento de pessoas, elaboração de projetos de consultoria voltados para pesquisas e comportamento organizacional como subsídio para formulação de políticas e/ou planejamento dos sistemas técnicos de RH, orientação vocacional e profissional, coaching e mentoring.Participação como palestrante em congresso nacional de Psicodrama. Consultora DISC E-TALENT.

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